Como reconhecer e seguir aquilo que verdadeiramente nos move
Certamente já ouviste falar no “Chamado Interior”. Uma voz dentro de nós que nos chama. Surge nos momentos de silêncio, nos instantes de dúvida, nos dias em que sentimos que falta algo. Uns chamam-lhe intuição, outros destino, mas no fundo, eu acredito que é a nossa memória a recordar-nos do que viemos ser e fazer nesta vida.
Não estamos à procura de algo novo. Estamos a tentar lembrar-nos de quem realmente somos, do que nos faz sentir vivos, do que sempre esteve dentro de nós. Mas vivemos rodeados de distrações, responsabilidades e expectativas. Muitas vezes, ignoramos esse chamado porque é mais fácil seguir pelo caminho seguro, pelo que nos foi ensinado, pelo que é esperado de nós. A minha experiência diz-me que não é possível ignorarmos este chamado para sempre. Vai chegar uma altura que é tão desconfortável que tens mesmo de fazer algo sobre isso. Porque apesar do chamado não gritar para que o oiças de vez, ele canta. E mais tarde ou mais cedo vais ter de entoar a melodia. Porque é demasiado bonita para que consigas desligar-te dela.
O chamado não aparece como um grande acontecimento. Vai-se revelando para te despertar tanto nos momentos em que estás em sítios que te são desconfortáveis, como para te cativar frente às tuas grandes paixões. Ele é aquela sensação de que há algo mais à tua espera. Está nos momentos em que te sentes verdadeiramente vivo, nos temas que te fascinam sem explicação, na vontade de mudar sem saber exatamente para onde.
O que faz o teu coração acelerar? O que te entusiasma sem esforço? Que escolhas te fazem sentir mais tu?
Ignorar o chamado pode trazer uma falsa sensação de segurança, mas com o tempo, nasce um vazio difícil de ignorar. Segui-lo pode parecer assustador, mas é a única forma de viver de verdade.
Sempre que nos aproximamos de algo importante, o medo aparece. Não porque estejamos no caminho errado, mas porque estamos prestes a crescer. O medo não é um inimigo, é um teste. Ele pergunta: "Estás mesmo pronto para isto?". Ele existe para te proteger. É graças a ele que não tomas decisões precipitadas. Que tens noção das consequências de certas ações. Mas ele não sabe o que tu sabes. Ele não sente o que tu sentes, nem guarda essas memórias que te ardem no peito. E por isso, deves agradecer-lhe a preocupação e dizer-lhe que tu estás consciente disto.
O maior erro que podes cometer é esperar sentires-te preparado. A diferença entre os que seguem o chamado e os que não seguem, é que os que seguem, seguem independentemente do medo que sentem. O que separa quem arrisca de quem não arrisca, é um mundo de possibilidades. O caminho não se revela antes de o percorrermos, mas sim à medida que avançamos. Se ficarmos à espera da certeza absoluta, corremos o risco de adiar a vida inteira.
Não precisas de um plano perfeito, só de um começo. E não tem de ser para ontem, mas podes começar hoje. Muitas vezes, são gestos simples: dizer que sim a uma oportunidade, explorar uma nova possibilidade, confiar naquela vontade que não desaparece, ficar perto do que nos faz perder a noção do tempo.
Seguir o chamado é escolher viver em vez de apenas existir. É sair do piloto automático e confiar mais em nós. É perceber que a vida está a acontecer agora e que aquilo que procuramos já existe, de alguma forma, dentro de nós.
E um dia, vais olhar para trás e sorrir pelo projeto de vida que criaste, pelo impacto positivo que trouxeste ao mundo, pela verdade que só existia dentro de ti e que revelaste.