Que chama é esta?
Recordo as noites profundas ao redor da fogueira. O crepitar das chamas, o calor que nos envolvia, os olhares brilhantes sob a luz do fogo.
Ali, sentados em círculo, partilhávamos histórias, aprendizagens vividas no caminho, momentos de superação, dúvidas e certezas. Não havia pressa, não havia distrações. Apenas a verdade crua, refletida na dança do fogo.
Naquele espaço sagrado, o fogo não era apenas lume - era um portal.
Ele iluminava as sombras dentro e fora de nós, queimava aquilo que já não servia e aquecia o que precisava de renascer. Cada palavra lançada ao fogo tornava-se em semente. Cada silêncio, uma resposta.
O fogo é o guardião das histórias.
Desde tempos ancestrais, que foi o centro da comunhão humana. As grandes histórias da humanidade nasceram à volta das chamas. Foram contadas e recontadas, geração após geração, sem papel, sem ecrãs, apenas com voz, presença e alma.
E hoje? Onde acendemos os nossos fogos?
Vivemos num tempo onde a conexão se tornou efémera, onde as palavras se dispersam no ruído, onde a escuta se perdeu na pressa do dia a dia. Mas a necessidade continua lá. Continuamos a precisar de um espaço onde possamos pousar o peso do mundo, olhar o essencial e recordar quem somos.
O fogo nunca deixou de arder. Apenas nos afastámos dele.
As Fire Talks nascem como a fogueira dos tempos modernos. Nascem deste espírito - da necessidade de parar, de refletir, de resgatar a verdade simples e poderosa que sempre esteve connosco e nos aproxima.
Por aqui, cada reflexão será uma chama. Se sentires a faísca, deixa-a arder. Que seja um convite para voltares a sentar-te à volta de uma fogueira e escutares - escutares-te a ti, escutares a vida, escutares o que ainda não tiveste tempo de ouvir.
Porque no fim, é no fogo que encontramos clareza.